sexta-feira, 6 de junho de 2025

Indivisível


No limiar do dia, sou silêncio e alvorada,
buscando na essência um sentido a nascer.
Invento o saber — miragem delicada —
e cresço na dúvida, aprendendo a crer.

Com as mãos do horizonte, risco a estrada
onde o ser se revela, sem medo de se perder:
sou indivisível, mas me sinto espalhado
no infinito que insiste em me conter.

Pessa completa, quase plena, falta-me o querer,
um leve impulso, um gesto de partida,
para abraçar o amor, sem mais temer

o paradoxo de ser — metade dividida,
metade inteira, desejando compreender
que amar é, enfim, a razão da vida.

Um comentário:

PATRICIA BITTAR disse...

Que profundo tio!