sexta-feira, 20 de junho de 2025

Soneto da Dança

 


No palco mudo a dança se inicia,

Cessa o discurso, o gesto se faz rei.

No olhar, faróis de pura alegria,

O corpo fala o que a boca calei.


No compasso, o medo se desfaz inteiro,

E o sim e o não se encontram, sem temor.

No outro busco o sentido verdadeiro,

Do desencontro nasce o nosso amor.


A música termina, mas persisto:

Silêncio pleno, voo sem prisão,

Pássaro livre, em céu de puro visto.


E ao tocar o chão, não há mais queda,

Pois quem dançou se fez, por si, canção—

No peito leve, a vida se enreda

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