quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Mais coisas boas...



Cisnes Brancos

Alphonsus Guimaraens
- Poeta em que devoção e equilíbrio se dão as mãos desde o início, Alphonsus de Guimaraens foi mestre de um lirismo místico, em que busca e sublima a amada entre o luar e as sombras, o amor e a morte. Afonso Henriques da Costa Guimarães nasceu em Ouro Preto MG em 24 de julho de 1870. (Saiba mais: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/biografias/autores/alphonsus_de_guimaraes)
V
Cisnes brancos, cisnes brancos,
Porque viestes, se era tão tarde?
O sol não beija mais os flancos
Da montanha onde morre a tarde.
O cisnes brancos, dolorida
Minh’alma sente dores novas.
Cheguei à terra prometida:
É um deserto cheio de covas.
Voai para outras risonhas plagas,
Cisnes brancos! Sede felizes...
Deixai-me só com as minhas chagas,
E só com as minhas cicatrizes.
Venham as aves agoireiras,
De risada que esfria os ossos...
Minh’alma, cheia de caveiras,
Está branca de padre-nossos.
Queimando a carne como brasas,
Venham as tentações daninhas,
Que eu lhes porei, bem sob as asas,
A alma cheia de ladainhas.
O cisnes brancos, cisnes brancos,
Doce afago de alva plumagem!
Minh’alma morre aos solavancos
Nesta medonha carruagem...




VI

Quando chegaste, os violoncelos
Que andam no ar cantaram hinos.
Estrelaram-se todos os castelos,
E até nas nuvens repicaram sinos.
Foram-se as brancas horas sem rumo.
Tanto sonhadas! Ainda, ainda
Hoje os meus pobres versos perfumo
Com os beijos santos da tua vinda.
Quando te foste, estalaram cordas
Nos violoncelos e nas harpas...
E anjos disseram : – Não mais acordas,
Lírio nascido nas escarpas!
Sinos dobraram no céu e escuto
Dobres eternos na minha ermida.
E os pobres versos ainda hoje enluto
Com os beijos santos da despedida.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Das coisas boas...



Hoje conheci mais uma jovem linda: Marina, e falando com ela sobre a música que leva o nome dela, lembrei-me da Carolina do Chico Buarque, ela adorou a letra e eu falei: "todo jovem deveria ser instruido sobre o Chico nesta fase, idos de 1965, quando sua poesia musicada era puro lirismo da mais alta estirpe, por isso publico esta seqüencia abaixo com 3 pérolas de enorme valor: Quem te viu..., Sem Fantasia, e claro, Carolina. Curtam porque é imperdível.

Quem Te Viu, Quem Te Vê


Composição: Chico Buarque

Você era a mais bonita
das cabrochas dessa ala

Você era a favorita
onde eu era mestre-sala

Hoje a gente nem se fala
mas a festa continua

Suas noites são de gala,
nosso samba ainda é na rua

Refrão:
Hoje o samba saiu,
lá lalaiá, procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece
não pode mais ver pra crer
Quem jamais esquece
não pode reconhecer

Quando o samba começava você era a mais brilhante

E se a gente se cansava você só seguia a diante

Hoje a gente anda distante
do calor do seu gingado

Você só dá chá dançante
onde eu não sou convidado

Refrão (repete)

O meu samba assim marcava
na cadência os seus passos

O meu sonho se embalava no carinho dos seus braços

Hoje de teimoso eu passo
bem em frente ao seu portão
Pra lembrar que sobra espaço
no barraco e no cordão

Refrão (repete)

Todo ano eu lhe fazia
uma cabrocha de alta classe

De dourado eu lhe vestia
pra que o povo admirasse

Eu não sei bem com certeza
porque foi que um belo dia

Quem brincava de princesa
acostumou na fantasia

Refrão (repete)

Hoje eu vou sambar na pista,
você vai de galeria

Quero que você me assista
na mais fina companhia

Se você sentir saudade
por favor não de na vista
Bate palma com vontade,
faz de conta que é turista
Refrão (repete)
Sem Fantasia
Composição: Chico Buarque

Vem,
meu menino vadio,
vem,
sem mentir pra você

Vem,
mas vem sem fantasia,
que da noite pro dia
Você não vai crescer

Vem,
por favor não evites
meu amor, meus convites

Minha dor, meus apelos,
vou te envolver nos cabelos,

Vem perde-te em meus braços
pelo amor de Deus

Vem que eu te quero fraco,
vem que eu te quero tolo

Vem que eu te quero to...do meu

Ah, eu quero te dizer
que o instante de te ver
custou tanto penar

Não vou me arrepender,
só vim te convencer
que eu vim pra não morrer
De tanto te esperar,
eu quero te contar das chuvas que apanhei
Das noites que varei no escuro a te buscar
Eu quero te mostrar
as marcas que ganhei
nas lutas contra o rei

Nas discussões com Deus,
e agora que cheguei
eu quero a recompensa
Eu quero a prenda imensa
dos carinhos teus
Carolina

Composição: Chico Buarque
Carolina, nos seus olhos fundos
guarda tanta dor,
a dor de todo esse mundo

Eu já lhe expliquei,
que não vai dar,
seu pranto não vai nada ajudar
Eu já convidei para dançar,
é hora, já sei, de aproveitar

Lá fora, amor,
uma rosa nasceu,
todo mundo sambou,
uma estrela caiu

Eu bem que mostrei sorrindo,
pela janela, ah que lindo
Mas Carolina não viu...

Carolina, nos seus olhos tristes,
guarda tanto amor,
o amor que já não existe,

Eu bem que avisei,
vai acabar,
de tudo lhe dei para aceitar
Mil versos cantei pra lhe agradar,
agora não sei como explicar

Lá fora, amor,
uma rosa morreu,
uma festa acabou,
nosso barco partiu

Eu bem que mostrei a ela,
o tempo passou na janela
e só Carolina não viu.
Dica

"Não perca tempo com lágrimas inoportunas, o pranto pode complicar os enigmas ao invés de resolvê-los."