O poeta é um fingidor, mas não mente,
No papel vaza a dor que não se diz.
Quem lê sente, no verso, a dor latente,
E o coração, girando, se traduz.
Nas calhas da razão, roda o comboio,
Corda invisível, mestre do sentir.
Não é a dor que vive em seu despojo,
Mas a que falta ao leitor, ao existir.
Finge o poeta, sim, finge tão profundo
Que a dor sentida finge ser fingida,
E o que é real, no verso, é quase mundo,
E o que é fingido, vida.
Assim, no coração, tudo se entrelaça:
O fingir, o sentir, a dor que passa.
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