Quando os olhos se buscam, frente a frente,
No limiar febril da decisão,
Entre o fervor que arde e a paixão latente,
Treme o instante, suspenso em emoção.
As mãos se encontram, dança transparente,
Num balé de desejo e sedução;
Bocas se tocam, úmidas, urgentes,
Negando ao tempo toda negação.
Então compreendo, em silêncio e dor,
O peso antigo, a essência consumida
Da sentença tão gasta: é o amor.
Ferida e pura, sempre renascida,
É chama e cinza, é gozo e dissabor,
É verbo eterno, em cada despedida.
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