As árvores não barganham seu fruto,
Nem os rebanhos negociam seu pão.
Dão, simplesmente, sem cálculo ou disputa,
E assim vivem, sem medo da extinção.
Quem merece o dia, merece o abrigo,
Quem bebe do oceano, pode beber do rio.
Ninguém precisa provar seu valor
Para receber o dom de um amor.
Não exijamos que o homem se desnude,
Que exponha seu orgulho ou sua dor,
Para que alguém decida, em atitude,
Se merece ajuda, carinho ou calor.
Antes, perguntemos a nós mesmos:
Seremos merecedores de dar?
Seremos capazes de sermos ternos,
Sem esperar nada em troca, sem cobrar?
Quem recebe, não contrai dívida,
Porque a dádiva é livre, como o vento.
Não se prenda à gratidão aflita,
Nem tema o olhar do seu instrumento.
Pois tudo vem da terra e do Pai,
Da fonte original, do amor sem fim.
Se esquecermos, duvidamos, afinal,
Da generosidade que brota em nós, assim.
Sejamos árvores, sejamos rio,
Sejamos mar, sejamos luz.
Dar e receber, em santo vínculo,
É viver, é ser puro e simplesmente cruz.
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