sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O MAR, EU E VOCÊ




Um dia o homem encontrou-se com o mar.
O dia amanheceu.

O mar rebelde tornou-se
manso e ao homem acolheu.
Eu e você.


Veio a maré alta
O barco partiu.


O tempo do sonho.

O barco a vela sem leme, sem rumo.

O tempo do triste.

O vento do sul,o vento do norte,
A brisa do leste.

O tempo do alegre.

A fronteira do tempo
No mar do infinito
Levou ao homem
A notícia do tudo.

O tempo do amor.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Devagar e Sempre Vida

Devagar e sempre é a maior e melhor regra da vida.

Devagar e sempre sem gritos, nem lamúrias...

Devagar e sempre com os segredos que todos temos,
nosso universo íntimo é infinitamente maior que
o cotidiano que nos oprime.

Segredos são sonhos: às vezes inconfessos e repudiados por nós mesmos e
outras vezes apenas na espera do momento de serem concretizados.

Segredos são flores silvestres, frágeis e persistentes:

Resta-nos em seguir em frente, devagar e sempre.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Tempestades

Um pouco de mim

Eu sempre fui fraco e forte.
Estranho, não: forte e fraco.
Forte por suportar tempestades.
Fraco por cair com as aragens.

Oh! Deus do infinito,
Pureza suprema,
Fazei de mim um elo forte
Da corrente que move o mundo.

Fazei do meu coração vossa morada.

Fazei meu coração
E minha mente
Agirem inteiramente unidos
Como perfeitos instrumentos
Do meu espírito
Para que eu possa
saber decidir.

sábado, 28 de junho de 2008

O INVERNO

Na aurora, o sol
Vestia-se de dourado.

No meio-dia
De vermelho.

No por do sol
De amarelo pálido
Era a presença
Do inverno a
Mostrar-se

No coração da natureza
As batidas tornam-se menos
Intensas.
As sementes descansam mansamente.

Eu, no meu inverno,
Me encontro ensimesmado
Com a progressão do meu ser.

Ao chegar na primavera quero
Estar no auge como as flores,
Mas hoje só posso acautelar-me
Como o esquilo a esconder-se e proteger-se da neve.

No céu noturno
As estrelas mais longínquas
Não encontram
Perante nossos olhos
Obstáculos para brilhar.

Eu novamente
me busco
Ensimesmado...

Coberto de neblina,
O carro prossegue célebre na estrada
Em busca do nada, para tudo encontrar.

Eu, simplesmente, me susto
Ensimesmado.

TERRA

Terra
Lugar nobre
Sonho bendito
Escrito com granito
Nas páginas do coração.

Terra
Planeta vésper
Da nossa existência.
Dono da essência.
Expectador da nossa carência
De paz.

Terra
Grito sobre-humano
Transpira liberdade.

E eu sou parte desta terra
Deste momento
Tempo do infinito
Passagem de tempo
Certo
Incerto
Só momento
Medida do triste – alegre
Do alegre – triste
É tempo
Momento
Homem
Sol
Grito
Mar
Liberdade

Terra.

sábado, 21 de junho de 2008

Gnomo

Quinze centímetros de nós é Gnomo
e passamos a vida sem saber.

Quinze centímetros apenas,
apenas quinze centímetros.

Mas capazes de remover as nossas teias,
de mudar nossos sonhos,
de modificar nossas vidas,
e passamos a vida sem saber.

Quinze centímetros de sonhos, fadas, lendas...

Por quê passarmos a vida sem saber?

Já que abolimos a verdade
desdenhamos a sinceridade,

desrespeitamos a honestidade,
abandonamos a seriedade,
agredimos a humanidade.

Por quê passarmos a vida sem compreender?

Quinze centímetros apenas,
apenas quinze centímetros

Em um cantinho de nós.

Gnomo, nômade, amante
dos sonhos, das fadas, das lendas.

Pedacinho de nós.

Não nos deixe passar a vida sem saber!

sábado, 17 de maio de 2008

FRASE REFORÇADA

Nasce o sol.
Quão infindável mistério
Encerra este nascer.

A hora vem chegando
Outras estrelas pedem licença
E se retiram do cenário.
A lua muitas vezes permanece
Já apenas como coadjuvante

A vida é uma orquestra
Onde nada desafina nem sai
Do ritmo.

Nem o homem pretensioso
De a fazer desritmar-se,

Mais lenta, mais rápida,
Quanta ilusão...
Só lhe são dadas as pontas dos
Novelos mais simples a desenrolar,
Mesmo assim, estes lhes são tomados,
Em segundos seculares,

Caso não levem o ritmo da vida.

O homem acendeu luzes

De íons aos elétrons
E em todas fontes de força da natureza
Buscou mais luz,
Só não conseguiu terminar com a noite.

“Nós já fomos a lua”.

Mas o sol continua nascendo
No momento certo
Só nos dá o direito de dizer:
No inverno mais tarde,
No verão mais cedo.
Ou de dizer:
Amanhã ele nascerá às

Seis horas quinze minutos e quarenta e cinco segundos
Como se o tempo só se dividisse
Em fração criada por nossa inteligência.

“Nós já fomos dentro de nós mesmos”.

Esta é a frase que eu gostaria de já ter ouvido, e reforçada:

“Verdade, vi pela televisão”.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Vento e vida

Eu amo a vida
Luta inigualável
Em busca de algo
E de alguém.

Eu amo a vida
Cheia de cores
Coberta de flores
Todos os matizes
Do amor divino.

Eu amo o vento
Sinônimo de busca
E de encontro.

Eu amo a vida do vento
Monstrando-nos incessantemente
Luta e trabalho
Ao transportar as nuvens
Para o lugar certo
De solo infértil
De ar impuro.

Eu amo, enfim, o vento da vida.
Música no coração alado
De quem busca algo e alguém.

COMETAS


Quero estar
Só com a flor
Na hora do sonho
Num momento infinito de amor.

Quero alcançar a força dos cometas
Para os céus correr
Até encontrar
O instante de parar.

Quem corre chega
Antes e depois.
Antes da vida.
Depois de depois.

O importante é o instante
Entre
Antes e depois.
Portanto
Não corra tanto
Este instante é o amor.

Mãe

Mãe

Se o tempo
O homem
O mundo
As flores
O sol
A lua
As estrelas
Tudo se reunisse
Traduziria-se: amor.

Se o amor falasse diria: mãe.

Mãe que nos acalenta na dor
Nos apóia no sofrimento
Nos dirige à alegria.

Mãe ser de beleza
Tão grande no seu interior
Não podemos definir
Apenas sentir.

ESTRANHA


Estranha a força de quem ama.
Nada é mais forte e bela
Que a pessoa amada.

Estranho o coração de quem ama
Bate sempre ao ritmo
Do sorriso
Da pessoa amada.

Estranha a presença de quem ama.
Por mais cercada de gente
Está só
E em multidão se torna
Junto da pessoa amada.

Estranha a vontade de quem ama
Seu único pensamento:
A vontade da pessoa amada

terça-feira, 8 de abril de 2008

Poema introdutório


Fiz este poema em Janeiro de 1983,
exclusivamente para ser a introdução
do meu primeiro livro: NÓS, cujo
poema-título está também publicado
aqui no blog.

Ando em busca de senso,
De significativo,
De realização.

Fiz este rascunho
De minh’alma
Transparente de calma
Como vulcão
Prestes a explodir

Temos sempre em mãos
Perguntas sem respostas
Questões ainda não propostas
Pelo sonho dos demais
Que conosco convivem
Dividem
Este universo
Incerto.

Nascido?
Sem se saber de onde...

Indo?
Sim, para longe.
Infinito... paralelo...
Eqüidistante do fim.

sábado, 22 de março de 2008

POR QUÊ?



Por quê me fizestes
afirmação e negação?

Por quê me fizestes
sorriso e choro?

Por quê me fizestes
alegria e tristeza?

Por quê me fizestes
paixão e ódio?

Por quê me fizestes
amor e indiferença?

Por quê me destes
todas respostas,
que não sei,
a todas perguntas
que não fiz?

Nesta incerteza,
não sei se faço
o primeiro verso
deste poema,
para o começo
ou para o fim.

O MAR, EU E VOCÊ



Um dia o homem
encontrou-se com o mar.

O dia amanheceu.

O mar rebelde
tornou-se manso
e ao homem acolheu.

Eu e você.

Veio a maré alta e o barco partiu.

O tempo do sonho

O barco a vela
sem leme, sem rumo.

O tempo do triste.

O vento do sul,
o vento do norte,
a brisa do leste.

O tempo do alegre.

A fronteira do tempo
no mar do infinito
levou ao homem
a notícia do tudo.

O tempo do amor.

A caneta



As pazes com a caneta
esta forma de expressão
que alivia a tensão
e, com ou sem rima,
garante a saída
do túnel, para o acesso,
aceso, impar, o néctar do tempo.

Acredito no som do infinito
pulsante, sei que nada
sei, nada, apenas fagulhas
vejo do cintilar das estrelas.

Li gênesis do Rogério, o Salgado,
doce “o pó surgiu a noite
e da noite fez-se dia” poesia...

No sofá o ursinho está pensativo...

Radiante com o reencontro
com a caneta eu sonho acordado.

A força desta tempestade

aquece o rio dentro de mim,
Enfim... o mar.

terça-feira, 11 de março de 2008

ATRITO



Tentei gritar e o grito
saiu rouco e desafinado.

Porque?!?!...


Escolhemos o complicado
não o simples,

Escolhemos a disparidade
e não a igual divisão.

Escolhemos o monstruoso
e não o divino.

Na foto a boneca sempre olha
na mesma direção.

Tentei chorar e saiu
um sonso riso.

Confundido entro em atrito
com o rito e com o prazer.

E o sonho, onde fica este
salvador da esperança?

No âmago do coração amargo
de enfrentar a vida, ou
nas asas abruptas da morte!?

E o tempo, este curador
das feridas e dos desenganos,
deve ser medido pelos segundos
ou pelos anos-luz?

terça-feira, 4 de março de 2008

SILÊNCIO





O silêncio- forma, conteúdo, preparação.
Necessidade de um encontro consigo mesmo.
Peso – noção do medo
Medo – obstáculo maior.
Silêncio – forma de enfrentar.
Silêncio – conteúdo da batalha.
Silêncio – preparação para luta.
Silêncio – arma do guerreiro que sabe:
toda palavra constrói ou destrói
dependendo de como é usada.

Silêncio – amor feito conscientização
da necessidade de pensar
para não perder o amor
que todos necessitam ter.

CRIANÇA




Nascemos.

Na infância
sorrimos
brincamos
quebramos a vidraça do vizinho.
tudo isto se justifica: “ele é criança.”

Inevitável: crescemos.

Transformamo-nos.
E nada mais é justificável.

Queremos chorar, desabafo.
Queremos correr
Lutar.
Sorrir.
E estamos tolhidos...

Para sobreviver devemos

conservar dentro de nós
um cantinho

para ser criança.

VITÓRIA


O fel arrebatou o mundo
fê-lo lacaio do imundo
inundou os corações
em seu âmago,
distorcendo as faces.

O fel amou o mundo
e este amor o fez doce.

O amor,
vitorioso
Imperativa força,
quedou
mais um
arrefecimento à sua luz.

Somos assim,
como fel
lacaios do egoísmo.

Só o amor
nos faz mudar:
elevar
e não subjugar,
querer
ser e não ter.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Verso


Ferino é o verso,
primeiro toca de leve,
roçando a pele,
arrepiando o corpo inteiro,
depois perfurando
as mágoas e desenganos,
deixando escapar para todo o coração,
reavivando-o,
o líquido mais precioso
que temos guardado:
a sensibilidade...


Revigorando a alma.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

PAIXÃO





Quando os olhos

se encontram frente a frente,

diante da escolha

do fervor e da paixão.



Quando as mãos se tocam

em um balé indescritível

e as bocas úmidas se acariciam

na impossibilidade de dizer não.



Entendo o sentido

da consumida e agredida

palavra: amor.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Dica

"Não perca tempo com lágrimas inoportunas, o pranto pode complicar os enigmas ao invés de resolvê-los."