segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Soneto dos Óculos Velados


Por trás do vidro claro se escondia
a chama oculta em tímidos sinais;
no olhar discreto, a vida se anuncia
maior que a máscara dos olhos normais.

Aquilo que parece só calmaria,
uma fragilidade em tons letais,
é chama ardente, é força que alumia,
é o gesto oculto em mundos desiguais.

Não é na carne a fonte da vitória,
nem no semblante austero e poderoso:
na alma repousa a forma mais notória.

E aquele olhar, suave e luminoso,
tece no tempo a sua própria história:
um brilho humilde, eterno e grandioso.