sábado, 22 de março de 2008
POR QUÊ?
Por quê me fizestes
afirmação e negação?
Por quê me fizestes
sorriso e choro?
Por quê me fizestes
alegria e tristeza?
Por quê me fizestes
paixão e ódio?
Por quê me fizestes
amor e indiferença?
Por quê me destes
todas respostas,
que não sei,
a todas perguntas
que não fiz?
Nesta incerteza,
não sei se faço
o primeiro verso
deste poema,
para o começo
ou para o fim.
O MAR, EU E VOCÊ
Um dia o homem
encontrou-se com o mar.
O dia amanheceu.
O mar rebelde
tornou-se manso
e ao homem acolheu.
Eu e você.
Veio a maré alta e o barco partiu.
O tempo do sonho
O barco a vela
sem leme, sem rumo.
O tempo do triste.
O vento do sul,
o vento do norte,
a brisa do leste.
O tempo do alegre.
A fronteira do tempo
no mar do infinito
levou ao homem
a notícia do tudo.
O tempo do amor.
A caneta
As pazes com a caneta
esta forma de expressão
que alivia a tensão
e, com ou sem rima,
garante a saída
do túnel, para o acesso,
aceso, impar, o néctar do tempo.
Acredito no som do infinito
pulsante, sei que nada
sei, nada, apenas fagulhas
vejo do cintilar das estrelas.
Li gênesis do Rogério, o Salgado,
doce “o pó surgiu a noite
e da noite fez-se dia” poesia...
No sofá o ursinho está pensativo...
Radiante com o reencontro
com a caneta eu sonho acordado.
A força desta tempestade
aquece o rio dentro de mim,
Enfim... o mar.
terça-feira, 11 de março de 2008
ATRITO
Tentei gritar e o grito
saiu rouco e desafinado.
Porque?!?!...
Escolhemos o complicado
não o simples,
Escolhemos a disparidade
e não a igual divisão.
Escolhemos o monstruoso
e não o divino.
Na foto a boneca sempre olha
na mesma direção.
Tentei chorar e saiu
um sonso riso.
Confundido entro em atrito
com o rito e com o prazer.
E o sonho, onde fica este
salvador da esperança?
No âmago do coração amargo
de enfrentar a vida, ou
nas asas abruptas da morte!?
E o tempo, este curador
das feridas e dos desenganos,
deve ser medido pelos segundos
ou pelos anos-luz?
terça-feira, 4 de março de 2008
SILÊNCIO
O silêncio- forma, conteúdo, preparação.
Necessidade de um encontro consigo mesmo.
Peso – noção do medo
Medo – obstáculo maior.
Silêncio – forma de enfrentar.
Silêncio – conteúdo da batalha.
Silêncio – preparação para luta.
Silêncio – arma do guerreiro que sabe:
toda palavra constrói ou destrói
dependendo de como é usada.
Silêncio – amor feito conscientização
da necessidade de pensar
para não perder o amor
que todos necessitam ter.
CRIANÇA
Nascemos.
Na infância
sorrimos
brincamos
quebramos a vidraça do vizinho.
tudo isto se justifica: “ele é criança.”
Inevitável: crescemos.
Transformamo-nos.
E nada mais é justificável.
Queremos chorar, desabafo.
Queremos correr
Lutar.
Sorrir.
E estamos tolhidos...
Para sobreviver devemos
conservar dentro de nós
um cantinho
para ser criança.
VITÓRIA
O fel arrebatou o mundo
fê-lo lacaio do imundo
inundou os corações em seu âmago,
distorcendo as faces.
O fel amou o mundo
e este amor o fez doce.
O amor, vitorioso
Imperativa força,
quedou mais um
arrefecimento à sua luz.
Somos assim, como fel
lacaios do egoísmo.
Só o amor nos faz mudar:
elevar
e não subjugar,querer
ser e não ter.
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